O Observatório de Segurança e Saúde no Trabalho realizou um levantamento em uma série temporal de 10 anos compreendendo o período de 2012 a 2022, onde nele foi possível reforçar com mais embasamento os principais acidentes listados neste artigo.
Vejamos o que o levantamento aponta para a categoria de “Obras de engenharia civil”:
Dentro do período de 2012 a 2022 foram registrados no Brasil cerca de 90,1 mil lesões por acidente de trabalho. Dentre elas relacionando com a categoria alvo do presente estudo (construção civil) é possível evidenciar que Fratura foi a principal lesão, acometendo cerca de 4 mil pessoas, equivalendo a 21,8% do número máximo registrado de acidentes nessa faixa temporal.
A construção civil é uma indústria que promove uma variedade de atividades, e por conta disso, está envolvida também com diversos riscos de acidente. Os principais tipos de acidentes que podemos encontra na construção civil, são:
- Quedas de altura: É uma das principais causas de morte na construção civil, podendo ocorrer aos trabalhadores enquanto fazem uso de andaimes, escadas, telhados ou estruturas elevadas. Devendo, portanto, fazer uso mais do que obrigatório dos Equipamentos de Proteção Individuais (EPIs).
- Queda de objetos: Este também é um dos mais comuns, muito causado, principalmente por conta de desatenção, mas também podendo ocorrer durante a movimentação ou elevação de certas cargas, por exemplo. Para evitar lesões ou algum acidente mais grave com quedas de materiais, ferramentas ou equipamentos, deve, assim como no item anterior, fazer uso dos EPIs.
- Picadas de insetos e animais peçonhentos: Dependendo do nível de exposição à natureza, esse tipo de acidente envolvendo picadas de animais pode ser comum. É preciso redobrar a atenção onde se pisa ou coloca a mão. Nunca se sabe quais animais podem estar. Por conta disso, é sempre válido fazer uso dos EPIs enquanto estiver em locais da construção.
- Lesão por Esforço Repetitivo (LER): Esse tipo de lesão ocorre, como o nome sugere, ocorre devido à repetição de movimentos específicos ou posturas por longos períodos, comprometendo principalmente os músculos, nervos e tendões, causando assim dores e inflamação.
Algumas tarefas do cotidiano de quem trabalha em construção civil como: levantar, dobrar, agachar, usar ferramentas manuais de forma continua, podem desenvolver a LER. Até mesmo posturas desconfortáveis por um período muito longo, como ficar muito tempo agachado ou ajoelhado por contribuir para o agravamento de lesões.
Pode ser diminuído tanto por atenção ao trabalhador, adotar pausas regulares e alongamentos também podem ajudar a evitar esse tipo de acidente/lesão.
- Impacto e colisões causadas por veículos: Trabalhadores que fazem uso de veículos devem ficar atento a outros veículos no local, a presença de máquinas próximas para evitar quaisquer possíveis colisões. Lembrando sempre da utilização do cinto de segurança, além de outros EPIs que forem adequados.
- Exposição intensa e contínua a ruídos: A exposição prolongada e intensa de ruídos nos ambientes de construção, podem desenvolver a Perda Auditiva Induzida por Ruido (PAIR).
Cabendo a empresa deve fornecer EPIs específicos para proteção auditiva, dependendo implementar barreiras ou materiais que ajudem a reduzir a propagação do som e acima de tudo aplicar treinamentos sobre os riscos associados à exposição ruídos.
- Choque elétrico: Em um ambiente como esse de construção civil, apenas os eletricistas devem trabalhar com a parte elétrica, isto é, apenas os habilitados devem fazer ligações, extensões e proteger a rede elétrica. Visto que até os mais treinados são passíveis de se acidentarem, contudo, trabalhos envolvendo eletricidade apresentam riscos que muitas das vezes podem ser fatais. Dessa forma, devem sempre fazer uso do EPI.
- Tombos: Um dos tipos de acidente mais comuns, pode ser ocorrido por diversas razões, como piso molhado, ou não estar atento a materiais ou outros trabalhadores no caminho.
- Distensões musculares: Esse tipo de acidente, por ser causado ao levantar, por exemplo, materiais pesados. Em que devido ao grande peso, pode resultar na ruptura de algumas fibras musculares. Pode ser causado também devido a hábitos/ movimentos citados no item 4 (LER), ou seja, devido a movimentos repetitivos ou posturas inadequadas também podem gerar distensões musculares.
A prevenção seria em alguns casos, principalmente quando haver a necessidade de carregar peso, deve ser fornecido aos trabalhadores equipamentos adequados para os auxiliares. Além de descansos e alongamentos, sempre que possível.
- Cortes e Lacerações: Outro acidente que é comum e faz parte do dia a dia, infelizmente, dos trabalhadores em locais de obras, devido a justamente a natureza de suas atividades. Provocados muitas vezes pelo uso incorreto de alguns equipamentos e ferramentas. Muitas das vezes por descuido ou mesmo por falta de treinamento para operar em determinado equipamento.
Dessa forma, é mais do que recomendado sempre o treinamento apropriado para certas atividades, além de nunca faltar com o uso de EPIs.
Outros dados relevantes são também evidenciados no levantamento feito no mesmo período acerca dos principais Grupos de Agentes causadores. Onde foram registrados cerca de 96,7 mil impactos contra pessoas. Dentre os agentes, o que mais se destacou foi o Agente Químico, com cerca de 3.874 mil casos registrados, seguindo de Máquinas e equipamentos e veículos de transporte, com cerca de 2.557 e 2.286 mil, respectivamente.
A respeito dos afastamentos previdenciários e concessão dos benefícios B-91 e B-31, o relatório informa que dentro do período amostral, foi possível observar que para o Benefício B-91, isto é, para benefícios concedidos a acidentes de trabalho, a principal doença foi a do CID 10: S62 – Fratura ao nível do punho e da mão, cerca de 1.396 vítimas registradas dentro desse período de 2012 a 2022. Seguindo do CID10: M54 – Dorsalgia e CID10 S82 – Fratura da Perna, incluindo tornozelo.
Já em relação ao afastamento e beneficio B-31, os principais casos registrados foram para CID10 S82 – Fratura da perna, incluindo tornozelo com 3.040 casos registrados, seguindo Dorsalgia e Fratura ao nível do punho e da mão, curioso que os dados foram inversamente proporcionais entre os benefícios
Ainda na seção relacionada a afastamentos previdenciários. De acordo com o levantamento, as principais ocupações para a categoria “Obras de engenharia” são:
Para os afastamentos relacionados ao B-91, as principais ocupações vitimas de acidente de trabalho são os Serventes de obras, registrando um numero de 2.117 casos de acidente e afastamentos por beneficio B-91. Seguindo dos Pedreiros e Carpinteiros.
Para os afastamentos por beneficio B-31, as ocupações foram as mesmas. No entanto, os valores de casos registrados são substancialmente diferentes. Para o afastamento B-31, temos registrados cerca de 10.994 mil casos envolvendo Servente de Obras.
Fontes:
https://metroform.com.br/blog/acidentes-na-construcao-civil/
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